BAEKHYUN no Brasil - 06/2025
- An Ode To
- há 5 dias
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Atualizado: há 1 dia
por Ester de Brito
É difícil explicar o que estar no show do Baekhyun significou para mim. Acho que para me fazer entender, tenho que voltar há 10 anos, quando eu ainda era uma adolescente que não acreditaria ter ido nesse show nem se eu voltasse no tempo e contasse pessoalmente.
Às vezes, vivemos certos dias sem saber o quão marcante eles serão para nós. Conheci o EXO em algum dia de tédio nas férias escolares, entre janeiro e fevereiro de 2015, mas não consigo lembrar com exatidão a data em que descobri aqueles que marcariam toda a minha adolescência. Também não lembro quando comecei a deixar essa parte tão importante para mim para trás, acho que o sentimento de inadequação que acompanha a transição da adolescência para a vida adulta fez com que cedesse espaços meus para colocar os outros em nome do “amadurecimento”. Acho que, por essa mesma razão, fui encolhendo todo meu amor por essas pessoas tão importantes para mim, deixei tão pequeno que pensei ter se esvaído completamente. Até que veio o dia 14 de junho de 2025.

Amor de fã é uma coisa incrível, porque amei tanto EXO, mesmo sabendo que eles nunca teriam ideia de quantas horas, dias, anos da juventude de uma jovem do outro lado do mundo eles fizeram parte. Sempre vi eles como pessoas muito inatingíveis, no sentido de que não tinha esperança de um dia ver qualquer um deles para além dos píxeis no meu celular. Isso não só por ser do Brasil, frequentemente esquecido em turnês, mas também por ser adolescente morando a mais de quinze horas de distância da grande São Paulo. Não poderia nem mesmo dizer que era um sonho ver algum deles, porque nem sonhar com isso eu ousava.
Muitos anos depois, quando me mudei para a capital paulista, os problemas de ser uma estudante se mantendo sozinha em uma das cidades mais caras do país sobressaíram qualquer negação aos meus interesses que me traziam conforto. Mas o EXO permaneceu guardado na minha caixinha interna, intocável. Tão intocável que perdi o anúncio da turnê e a venda de ingressos. Estava feliz na minha ignorância até uma amiga perguntar se eu conseguira os ingressos. Até aquele momento, eu acreditava que essas pessoas tinham sido importantes somente para a Ester do passado, então imagine a minha surpresa quando meus olhos começaram a encher de lágrimas.
Durante os 9 dias entre a primeira venda de ingressos e o anúncio do show extra, foram um misto de tristeza e ansiedade que pouparei a todos dos detalhes deprimentes. Mas quando finalmente divulgaram, eu e a Dani, aqui do An Ode To, fizemos um plano para comprar os ingressos. Juntas, escapamos de nossas respectivas aulas para ir ao escritório em que trabalhamos. Lá poderíamos usar todos os computadores para ter mais chances. Então, enquanto fingíamos serviço, conseguimos os ingressos. Eu tinha data e hora marcada para ver o Baekhyun. Inacreditável!
Às vezes, vivemos certos momentos sem saber o quão marcante eles serão para nós, mas no dia 14 de junho, eu estava ciente de que aquele seria um dos dias mais felizes da minha vida. Vestidas a caráter com casacos da cor roxa e rosa respectivamente, conforme a sugestão do Baekhyun, eu e Dani nos encontramos às 18h na estação João Dias para andar até o local do show. Apesar de não ser distante, nos enfiamos em umas vielas escuras e suspeitas. Felizmente, conseguimos chegar ao Vibra São Paulo sem grandes acontecimentos.
Compramos o ingresso para a plateia superior, onde os lugares eram marcados, por isso resolvemos chegar pouco antes da abertura dos portões. Foi uma das melhores decisões que tomamos. Entre encontrar a nossa fila e estarmos sentadas em nossos lugares, não deve ter demorado nem 40 minutos. Apesar de não ser tão próxima quanto a pista premium, a plateia superior dá uma visão ampla do palco e dos telões, por isso conseguimos ver bem todas as performances — também por conta do Vibra ser uma casa de shows pequena.
Ficamos sentadas admirando nossos photocards, que recebemos na entrada — Dani, muito experiente, trouxe os pacotinhos para proteger — e tirando fotos desajeitadas com o banner, parte do projeto das exo-l's — esse, colei na parede do meu quarto e fico admirada sempre que vejo. Entre gritos e ondas na plateia, todos vibravam com a ansiedade pelo que estava por vir.

Finalmente, a hora do show chegou!
Quando as luzes se apagaram e todos começaram a gritar, foi o momento em que entendi que veria o Baekhyun em alguns segundos, e então, o telão se levantou e lá estava ele! Quando as primeiras notas de Young começaram a tocar, gritei tão fino e alto, um som que não sabia ser capaz de produzir. Em seguida, vieram as lágrimas. Lembro que, apesar de estar vendo ele na minha frente, não conseguia acreditar! Fiquei tão em choque que esqueci muito do restante da noite, tive que revisitar por vídeos para contar para vocês todos os detalhes.
Young foi seguida de Ghost e Pineapple Slice: ele se apresentou acompanhado de oito dançarinos e os fãs estavam com a energia à flor da pele, cantando em plenos pulmões como todo brasileiro se orgulha de cantar.
Em seguida, ele fez uma pausa para conversar conosco. O Baekhyun sempre foi conhecido pelas interações com os fãs no palco, sempre atento ao que acontece na plateia, e aqui não foi diferente. O homem mais simpático do mundo ficou muito admirado com a nossa energia. Em meio a muitas interações, ele disse que abriram uma segunda data de show para todas as aeris comparecerem — mal sabe ele quantos dias extras seriam necessários para isso ser verdade. Depois de muitas súplicas, ele cantou um trechinho de Cry For Love a cappella, então, anunciou o próximo segmento falando em português: “Estão preparados?”
O segundo ato trouxe o bom e velho R&B tão característico da discografia do Baekhyun. Com um misto entre vocais impecáveis e uma coreografia sensual, ele apresentou Woo e Underwater, com todos indo à loucura com os high notes. Os gritos só aumentaram quando ele colocou um chapéu preto. Todos sabiam o que estava por vir: BAMBI, apesar de desestabilizados com as reboladas, todos se mantiveram fortes o suficiente para cantar muito alto cada palavra da música.
Após uma pausa para a troca de figurino, Baekhyun voltou cantando Chocolate, dessa vez só com dois dançarinos, que depois saíram e deixaram ele só. Trocou o microfone por um de mão, ficou só ele no palco cantando, com aquela voz surreal. Nessa atmosfera mais descontraída, ele cantou Rendez-vous e Good Morning, e ficou muito contente com os fãs cantando, principalmente no “Everybody, let's get it started”, disse que ficava com vontade de tirar o in-ear para ouvir a gente.
Na segunda vez que ele parou para conversar, estava claro que “Sim” tinha se tornado uma das palavras preferidas da noite, para cada pergunta ele pedia a nossa confirmação. Em um momento ele ouviu a palavra “fica” — na verdade, estavam todos gritando EXO — e, como é característico dele, embarcou na brincadeira, falando “gente, eu não tenho casa aqui, posso ir para a de vocês?”, vendo o entusiasmo de todos em recebê-lo perguntou “eu não tô passando perigo aqui, né?” e “posso acreditar em vocês? Sim?”. Também reparou em uma fã com roupa neon lá na plateia superior, "parece uma pessoa que faz mágica, ela não parava de dançar".

Anunciando Love Comes Back, pediu para dançarmos lento e aproveitarmos a música, “sim?”. Em seguida, cantou Lemonade e as dançarinas reapareceram, mas o palco continuou com a atmosfera tranquila. Até que a iluminação mudou e com ela vieram as primeiras notas de UN Village, a energia do lugar ficou indescritível. Ver o Baekhyun cantando essa música ao vivo e cantar com ele está no ranking de experiências mais surreais que tive. O HOMEM CANTA!
Após esbanjar simpatia em mais um momento de conversa com os fãs, o show voltou às coreografias. A iluminação vermelha combinada com roupas de cetim dos dançarinos já indicava o que estava por vir com Truth Be Told seguida de Cold Heart, que na minha opinião foi a melhor performance da noite. As primeiras notas de piano, a luz focada nele, ele parado cantando, enquanto os dançarinos faziam a coreografia em volta, e então se juntando a eles quando sons de bateria ecoaram, o telão subindo e a fumaça saindo enquanto o solo de guitarra ecoava. Em algum momento de Cold Heart, ele trocou de roupa, porque quando a fumaça cessou ele apareceu com uma jaqueta nova para apresentar Psycho, encerrando mais um ato do show.

Quando o Baekhyun apareceu usando um chapéu felpudo azul, colete estampado e uma bolsinha pendurada no torço, já indicava que a parte com músicas "divertidas" estava para começar. Primeiro cantou Black Dreams, depois Betcha. Encerrando as músicas da setlist que referenciam comida, finalmente cantou Candy — ele estava muito feliz com os fãs cantando palavra por palavra.
Em mais um momento de conversa, Baekhyun anunciou que cantaria a última música, mas poderia ter bis se gritássemos o suficiente, “sim?”. Em meio a tantos sim's, surgiu o apelido para as aeries brasileiras: “brotinho”, isso porque, do palco, quando ele perguntava algo, só conseguia ver cabeças e as mãozinhas dando joia e confirmando, “SIMMM”.

Com o coração aquecido de uma fã com uma piada interna com o Baekhyun — inacreditável —, Elevator começou e se encerrou com uma chuva de confetes e as luzes se apagando. Todos começaram a gritar para o Baekhyun voltar e ele voltou, mas dessa vez com uma roupa simples e microfone de mão, cantando No Problem. Em Garden in the Air ele pediu para todos levantarem os lightsticks e lanternas do celular e começou a guiar a gente igual a um instrutor de hidroginástica. A última música da noite foi Amusement Park, que ele cantou envolto na bandeira do Brasil.
Na última conversa da noite, o Baekhyun deixou a gente com essas palavras: “O show de hoje foi um dos momentos bem felizes, então queria falar para as aeris que aguardaram muito por mim que agradeço de coração. Acho que a gente está quase que exatamente do outro lado do mundo e, mesmo assim, vocês me mandam todo o amor e carinho, eu agradeço muito por isso. Graças a vocês, eu me senti uma pessoa muito especial e, depois de hoje, espero que tenha sido um dia inesquecível para as aeris. Começando essa turnê com o Brasil como primeiro país, graças a vocês, eu sinto que nos outros países da turnê mundial, eu vou conseguir fazer tudo direitinho”. Ele se despediu virando para cada setor da casa de show, um por um. A última coisa que ouvi ele falar naquela noite foi “boa volta” em português mesmo.
Quando o show acabou, parecia que eu estava envolta em uma bolha de felicidade tão especial que não queria interagir com ninguém que não tivesse vivido aquilo. Após me despedir da Dani, coloquei minha playlist de EXO e fui ouvindo no caminho para casa. Quando cheguei, não queria abdicar daquela sensação, aí deitei na grama e fiquei lá por uns trinta minutos só ouvindo aquelas músicas. Naquele momento, deitada em um pedaço daquela cidade grande que agora era meu lar, depois de um show que eu nunca imaginei viver, eu acalentei aquela adolescente de 14 anos do passado, enquanto sentia todo o amor que acumulei por anos por uma pessoa que mora do outro lado do mundo.
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