Recomendados do Mês - Abril de 2025
- An Ode To

- 1 de mai.
- 5 min de leitura
Atualizado: 29 de mai.
O ano está passando super rápido e repleto de novidades! No meio de tanta coisinha boa, sempre tem aquele artista ou projeto que nos conquista um pouco mais. Abril foi o mês de vários debuts aqui na Ode, como o álbum solo do MARK e o primeiro projetinho do The Vignettes!
Vem conferir esses nascimentos com a gente!
THE FIRSTFRUIT, MARK
Indicado por Thainá M.
Diversas passagens das escrituras sagradas do Cristianismo fazem referência ao ‘primeiro fruto’ oferecido em ofertório à sua divindade: “Honra o Senhor com tuas riquezas, com as primícias dos teus rendimentos, e teus celeiros se encherão de trigo, as adegas transbordarão de vinho” (Provérbios 3: 9-10). A partir dessa narrativa, oferece-se o primeiro fruto de seu trabalho em honraria, como sinal de gratidão. É a partir desta perspectiva que MARK nomeou seu primeiro álbum solo, The Firstfruit, lançado em 07 de abril deste ano.
“(The firstfruits of all your crops)
Now that I can see the past with a new set of eyes
My life makes so much more sense now
(The first of the firstfruits)”
São treze faixas que nos levam em retrospectiva pela trajetória de MARK: as cidades onde viveu, cresceu e construiu carreira, suas diferentes inspirações musicais e o papel da fé na construção da sua autoconfiança e identidade. A partir de um viés amadurecido, MARK nos apresenta pedaços de si mesmo, doa-se em ofertório, completo no presente e orgulhoso do passado.
É extremamente satisfatório como as músicas estão organizadas em uma linearidade temporal que facilita a compreensão de um longa e certamente nada linear — apesar do recurso pedagógico e poético, nenhuma trajetória humana segue um traçado linear único, afinal, todos temos nossas espirais e arestas — trajetória.
É pela janela de Toronto que MARK inicia o álbum, com a narração de Toronto's Window. 1999, single promocional do álbum, nomeia não apenas seu ano de nascimento, mas traz consigo as referências musicais da época, em um estilo desafiador para o rapper. Flight to NYC nos leva a um segmento mais enérgico, fruto das influências do Hip Hop que sempre fez Nova Iorque fervilhar. Righteous e Fraktsiya (feat. Lee Young Ji) cristalizam seu lugar em uma indústria feroz, pontuando como a sua autoconfiança precisou ser costurada à sua identidade pessoal e musical. O próximo segmento nos leva a Vancouver e desacelera o ritmo com Raincouver — minha favorita! —, Loser e Watching TV (feat. Crush). Interessante pontuar como a riqueza lírica do álbum nos permite voar por diferentes interpretações. Dessa parte em diante, estava convicta que havia um fio romântico que conduzia todas as canções em uma narrativa única, mas existem muitas peças a serem encaixadas, muitas variáveis a serem consideradas na pluralidade de MARK. Loser, por exemplo, uma música que pode ser facilmente interpretada como romântica, foi descrita por MARK sob um viés de fé que, não podemos esquecer, nomeia seu trabalho e, portanto, permanece por todas as faixas, ainda que implicitamente. Com +82 Pressin’, chegamos a Seul e a colaboração com HAECHAN só tornou a música ainda mais especial — cof, cof, é minha segunda favorita! Em seguida temos 200 — previamente lançada como single — e Journey Mercies — cuja profundidade e sutileza lírica me deixou muito orgulhosa de MARK, que também a escreveu. Em Mom's Interlude temos a participação da mãe de MARK, que cantarola, conversa com o filho e toca ao piano. A faixa acrescenta profundidade à narrativa do álbum como autobiografia musical e nos relembra o papel da família nesta história, tão bem marcada por MARK na introdução do álbum — “Ever since I was born, my mom raised me like an angel/My dad taught me how to fight devils”. Ao encerrar, Too Much celebra e agradece o amor, os inúmeros amores que atravessam o ainda tão jovem Mark Lee.
The Firstfruit é um álbum que pode ser digerido de muitas formas, interpretado por diferentes olhares e vieses. É um álbum para dançar ou para adormecer com um sorriso no rosto. É, sobretudo, um trabalho para apreciar a trajetória de um artista completo, imerso nesse mundo tão competitivo e acelerado desde muito cedo, mas que nos prova que não perdeu a sutileza e mantém firme os pilares que o trouxeram até aqui.
AFTERIMAGE, THE VIGNETTES
Indicado por Julia Defávari
Ser uma pessoa curiosa faz de mim alguém que tenta passear por vários cantinhos da indústria do audiovisual e, várias vezes, isso já me proporcionou a alegria de encontrar inúmeros artistas prestes a dar seus primeiros passinhos em um novo caminho. Este foi o caso do duo The Vignettes, que me cativou desde seu primeiro post de fotos conceituais para seu primeiro single album, Afterimage.
Desde muito nova, sinto uma forte conexão com musicais e trilhas sonoras e, ao sentir um gostinho do que seria o projeto da dupla composta por Yeji e Yohan Lee — através de posts no X e Instagram mostrando um pouco do seu processo de criação — senti que o álbum que estava por vir seria feito sob medida pra mim!
O single album apresenta três músicas: uma instrumental, uma em inglês e uma em coreano. Começando com Freefall, a faixa instrumental, The Vignettes entrega o que promete em seu conceito e instantaneamente me senti dentro de um conto de fadas. A abertura do álbum, em perfeito paralelo com a abertura de um filme, estabelece o cenário e clima do que está por vir.
Essa sensação fica ainda melhor em The Worst Thing que, em inglês, entrega uma narrativa que me permitiu viajar na maionese e fantasiar sobre as milhares de situações em que o eu-lírico poderia estar inserido. O arranjo da música e os vocais cheios de emoção de Yohan Lee trazem aquele gostinho de trilhas sonoras e musicais. Sinto que poderia muito bem estar assistindo a The Last 5 Years (2014) ou a um grande ato de Greg Serrano em algum episódio de Crazy Ex-Girlfriend.
E então, chegamos ao fim do — espero que — primeiro alto. Jansang, bem curtinha e na voz suave de Yeji, apresenta em coreano o “epílogo” de Afterimage. Seguindo o padrão das faixas anteriores, cada detalhezinho — acredito que minuciosamente calculado — na produção contribuiu para essa vibe musical e com gosto de arremate. Se eu fechar os olhos, consigo visualizar as cortinas se fechando no momento das notas finais da música.
Gosto muito de como qualquer música pode ser interpretada de diversas maneiras dependendo de nossas vivências e percepções e amo a intenção do The Vignettes de criar esse turbilhão de ideias e criatividade em nossos cérebros e corações, tudo de acordo com o que conhecemos, sentimos e vivemos até hoje.
O primogênito da dupla mal nasceu e já entrou na lista de favoritos por aqui. Afterimage é um projeto curtinho, mas que mostra muito do potencial e genialidade na arte que Yohan Lee e Yeji querem dividir com o mundo. Um álbum feito com muita sensibilidade, zelo e carinho para nos permitir viver, como eles mesmos dizem, um filme sem tela.
Já tinham conferido esses lançamentos? Teve mais algum debut esse mês que devemos conferir? Conta tudo pra gente!



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